Especialista divide pontos de atenção para efetiva aplicação das políticas de conformidade empresarial
Dezembro de 2016 – A promulgação e implementação da Lei Anticorrupção (12.846/2013), também conhecida como Lei da Empresa Limpa, e os desdobramentos da Operação Lava Jato, têm forçado um movimento para que os programas de compliance saiam do papel e ganhem efetivo protagonismo como instrumento de governança.
Diretor sênior na Kroll, consultoria especializada em gestão de riscos corporativos e investigações, Ian Cook acompanha na prática essa mudança de status dos mecanismos de controle. “Mesmo empresas de setores menos regulados demonstram interesse em se estruturar, o que é extremamente positivo”.
Mas o executivo pondera que apenas a criação de um departamento ou política de conformidade não basta. “Tão arriscado quanto não ter um programa de compliance é estruturá-lo mal”, afirma.
Outro aspecto essencial é promover o entendimento e o adequado posicionamento da área de integridade na estrutura organizacional. Na visão do executivo, além do engajamento da alta direção, é vital que as companhias deem a independência e autoridade necessárias à gestão de compliance. “Do contrário, tem-se só uma falsa sensação de segurança”.
Para Cook, a área deve ser independente da estrutura de negócios. “No caso das multinacionais, subordiná-la a lideranças locais pode gerar inúmeros conflitos de interesse
Nuances locais
Também importante é a intimidade com nuances locais, como cultura e prática de relacionamentos comerciais, para que as políticas sejam assertivas em responder aos riscos que oferecem.
“Ao construir seus protocolos contra fraudes e corrupção, uma empresa estrangeira pode não estar ainda acostumada com determinada característica de atuação própria de um mercado e corre o risco de desconsiderá-la, abrindo uma oportunidade de risco potencial”, comenta Cook.