Colangite biliar primária atinge mulheres de 35 a 65 anos e confunde diagnóstico

abr 4, 2024

Sintomas levam pacientes a procurar dermatologistas ou ginecologistas e patologia não é diagnosticada corretamente podendo levar ao transplante de fígado

Uma doença no fígado pouco conhecida, que geralmente afeta mulheres entre 35 e 65 anos, pode levar a sérias complicações, como fibrose e cirrose hepáticas e até ao transplante de fígado, caso não seja diagnosticada e tratada adequadamente. Estamos falando da Colangite Biliar Primária (CBP), uma doença hepática autoimune caracterizada por destruição progressiva dos canais biliares presentes no fígado.

“A falta do diagnóstico ou a demora para o tratamento da Colangite Biliar Primária pode ocasionar sérias lesões no fígado, fazendo com que o órgão perca sua função e caminhe para a falência completa. Esse processo leva, em média, um período de 10 a 20 anos”, explica Raymundo Paraná Ferreira Filho, médico hepatologista, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH).

A CBP tem sintomas muito comuns a outras doenças, como coceira muito intensa, fadiga, muitas vezes associado a temperaturas elevadas, dor abdominal e cansaço excessivo, o que leva o paciente a procurar primeiramente um dermatologista ou ginecologista, dificultando o verdadeiro diagnóstico. “A fadiga é a manifestação mais comum e ocorre em 80% dos pacientes, prejudicando a qualidade de vida e interferindo nas atividades diárias. Já a coceira é o segundo sintoma que mais ocorre, afetando 20% a 70% dos pacientes”, explica o especialista.

Para detectar corretamente a doença, é necessário que o paciente, especialmente mulheres, realize dois exames de sangue específicos, mas bastante simples: níveis séricos da fosfatase alcalina e a Gama Glutamil Transferase, que mostram se há lesão nos canais biliares.

Segundo o médico, se os resultados estiverem elevados, o paciente deve ser encaminhado ao hepatologista imediatamente para avaliar o que está causando as alterações. Depois, o especialista poderá pedir outros exames como ultrassom, biópsia do fígado ou uma colangiografia, que avalia todo o caminho da bile e permite a identificação de obstruções ou lesões dos canais.

O tratamento da CBP é por meio de medicamentos específicos que melhoram o fluxo da bile, impedindo a inflamação e a obstrução dos canais biliares e a progressão da doença, além de controlar os sintomas e evitar o agravamento da doença.

“O diagnóstico da doença nas fases iniciais é determinante para um melhor prognóstico no tratamento. Por isso é muito importante ficar atento aos sintomas e principalmente mulheres na faixa etária indicada”, finaliza.

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