O aumento da expectativa de vida, entre outras conquistas, é resultado dos avanços nos tratamentos e nos programas de prevenção
São Paulo, agosto de 2018 – O primeiro caso de HIV no Brasil foi diagnosticado na cidade de São Paulo por volta de 1980, época na qual não havia o mínimo conhecimento sobre o vírus ou seus meios de transmissão. Nesse período, o HIV começou a contaminar homens e mulheres de qualquer grupo social e orientação sexual, além de crianças, o que extinguiu a ideia de ser uma doença exclusivamente homossexual. Uma década depois do primeiro caso, dados do Ministério da Saúde revelaram que mais de 11 mil casos de Aids foram notificados no Brasil.
Nos anos 90, uma década após o primeiro caso de HIV ser identificado no Brasil, pessoas de 20 anos que haviam começado o tratamento contra o vírus contavam com uma expectativa de vida 10 anos menor em relação aos submetidos ao tratamento em 2010. Atualmente, de acordo com um estudo publicado na revista The Lancet, portadores do vírus possuem uma expectativa de vida de 78 anos, muito similar a de pessoas saudáveis. A evolução dos exames de detecção da doença, dos programas de prevenção e do tratamento de problemas de saúde causados pela Aids foram essenciais para o aumento da qualidade de vida dos indivíduos infectados pelo HIV.
O tratamento da profilaxia pré-exposição (PrEP), estratégia de prevenção que reduz o risco de aquisição do HIV por meio do uso do medicamento Truvada, é considerado um dos métodos mais eficazes na luta contra o vírus. Desde que a PrEP foi disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS), foram realizadas cerca de 6 mil prescrições ao tratamento, sendo que quase 3 mil brasileiros já haviam iniciado a profilaxia. Christian Schneider, gerente geral da Gilead no Brasil (biofarmacêutica responsável pela produção do Truvada), tem uma posição muito otimista no que se refere à luta contra a Aids: “Conforme já comprovado, se usada corretamente e em combinação a outras medidas de prevenção, a profilaxia pré-exposição apresenta uma eficácia de 99% em relação à defesa contra o vírus. O tratamento é imprescindível no combate da doença”.
Desde a descoberta do vírus até os dias atuais, indivíduos soropositivos venceram muitas barreiras e alcançaram direitos, como a liberdade de escolha ao revelar ou não a soropositividade no mercado de trabalho e a criminalização da discriminação, ambas asseguradas pela Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora do Vírus da Aids. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas o Brasil está na direção certa contra a Aids, sendo um dos países pioneiros a oferecer tratamento gratuito para portadores de HIV através do SUS e estando à frente novamente ao se tornar o primeiro local da América Latina a oferecer a PrEP por meio da rede pública para adultos em alto risco.