Cinco entre 10 setores industriais consultados apontam o turnover como a razão de maior vulnerabilidade
Maio de 2017 – A alta rotatividade de funcionários é o maior vilão para o aumento no risco de fraudes nas empresas. A conclusão faz parte do Relatório Global de Fraude & Risco 2016/17 da Kroll, que anualmente ouve centenas de executivos dos mais diferentes setores em todo o mundo responsáveis por programas ou estratégias de combate a irregularidades.
Dos 10 grupos industriais representados na atual edição do estudo, a metade aponta o turnover como o principal fator de vulnerabilidade, com média de 42% das indicações. De acordo com a pesquisa, os segmentos que mais sofrem com o vaivém de colaboradores são os de construção, engenharia e infraestrutura (40%); recursos naturais (40%); farmacêutico (41%); transporte (43%); e serviços profissionais (47%).
“Muito mais do que um desafio de captação e retenção à área de Recursos Humanos, a realidade cobra a implementação de uma cultura de conformidade que integre todos os departamentos e posições na estrutura organizacional”, afirma Ian Cook, diretor sênior da Kroll no Brasil.
Para o executivo, o ambiente de negócios extremamente complexo e digital que as companhias vivem hoje torna a rotatividade uma questão ainda mais crítica porque seu impacto começa no operacional, mas pode tornar-se legal, financeiro, de imagem e reputação.
Nesse cenário, Cook reforça a necessidade de controles e políticas claras de integridade que desconstruam o clássico triângulo da fraude, formado pela racionalização e motivação do fraudador e, especialmente, pela oportunidade. “As organizações são feitas por pessoas e elas sempre terão um acesso e conhecimento privilegiados sobre seus ativos, que devem ser gerenciados permanentemente para mitigar riscos.”
A gestão do capital humano ainda justifica maior atenção por outro resultado do relatório. Colaboradores (insiders) são os principais responsáveis por fraudes globalmente. No Brasil, 57% dos ilícitos empresariais foram praticados por gerentes de alto ou médio escalão (9%), funcionários juniores (22%) e por autônomos ou temporários (26%), grupo que responde pela maior participação e, com a terceirização, passa a inspirar maior cuidado entre o empresariado, avalia Cook.
E afora os prejuízos ao caixa, para a maioria dos participantes um dos principais fatores afetados pela descoberta das irregularidades é a privacidade, segurança e moral de todo o quadro organizacional. “As pessoas honestas não gostam e não querem trabalhar em ambientes desonestos, fato que afasta talentos”, conclui Cook.