*Leonardo Milane
Uma vez conscientes de que teremos gastos em dólares para o resto de nossas vidas – viagens, intercâmbio dos filhos no exterior, cursos de pós graduação etc… E de que os fundamentos da economia brasileira apontam para um Real fraco por (muito) mais tempo, com endividamento público muito alto e sem solução de curto prazo, além da a eterna instabilidade política que é característica dos países latinos, é de fundamental importância que passemos a construir poupança em dólar.
E essa poupança tem que gerar renda em dólares para ser usada futuramente para cobrir nossos gastos e proteger nosso patrimônio contra uma desvalorização excessiva da moeda doméstica. Lembrando: o argentino que não dolarizou uma parte do seu patrimônio há 30-40 anos, não tem condições hoje em dia de viajar para fora e está ilhado em seu próprio país.
Como essa poupança é é possível? Investir em dólares consistentemente, ou seja, sempre transformando em dólares uma parte do que conseguimos poupar e que seria 100% investido em ativos domésticos, em reais. Dessa maneira, cria-se o hábito de acumular patrimônio em dólares e gerar renda por meio desses investimentos dolarizados. Além disso, ao executar essa estratégia, minimizamos o risco de cairmos na armadilha do “vou esperar o dólar cair um pouco mais” para comprar.
“Esperar o dólar cair um pouco mais” para comprar não faz sentido por quatro motivos:
– Você não gostaria de deixar de viajar porque ainda não começou a comprar dólares e ter renda em dólar;
– O problema fiscal do Brasil não tem solução de curto prazo. A correlação dessa variável macroeconômica com dólar é muito alta;
– A instabilidade política não vai deixar de existir do dia para noite. Ela está no DNA dos países latinos;
– O dia em que o dólar for para R$2,00 e você tiver comprado a R$ 4,00 (preço médio de compra para quem usa a estratégia de comprar sempre e aos poucos), será um sinal de que a economia doméstica está decolando, e seus negócios aqui estarão dando MUITO dinheiro em reais.
Diversos veículos de investimento em ativos dolarizados passaram a existir nos últimos um ou dois anos, o que torna essa tarefa mais simples para o investidor brasileiro, já que não é mais preciso mandar o dinheiro para fora para investir em dólares. Os mais conhecidos são: BDRs, fundos internacionais de renda fixa, fundos internacionais de ações e fundos internacionais multimercado.
*Leonardo Milane é sócio e economista da VLG Investimentos e professor da FIA