CONITEC abre consulta pública sobre inclusão de medicamentos para tratamento no SUS de Colangite Biliar Primária

abr 4, 2024

Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) solicita aos seus associados, pacientes e portadores de colangite biliar primária participação na consulta pública aberta até 23 de agosto

São Paulo, agosto de 2018 – A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC) abriu uma consulta pública para médicos e sociedade civil sobre a incorporação do ácido ursodesoxicólico (AUDC) para tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) da Colangite Biliar Primária (CBP), uma doença que na ausência de terapêutica específica pode evoluir para cirrose e necessidade de transplante de fígado.

Para participar da consulta e enviar as contribuições basta acessar o site http://conitec.gov.br/index.php/consultas-publicas, e buscar o item “Ácido ursodesoxicólico para colangite biliar primária”, até 23 de agosto de 2018.

Na sua manifestação na consulta pública, a SBH considerou necessária a incorporação do AUDC no tratamento da CBP com o intuito de impedir a progressão da doença para cirrose e a necessidade de transplante de fígado. A Sociedade mostrou, em sua resposta a CONITEC, evidências dos benefícios do tratamento da CBP com o AUDC na literatura mundial, enfatizando que a droga já é recomendada e aprovada para tratamento da doença, há quase duas décadas na Europa e nos Estados Unidos.

Se o medicamento AUDC for incorporado, o Sistema Único da Saúde poderá tratar, com efetividade e segurança, portadores de CBP. O documento enviado a CONITEC ressalta ocorrência de redução no número de transplantes realizados por CBP nos países onde o AUDC foi utilizado em larga escala para controle da progressão da doença.

A SBH reconhece a eficácia do medicamento como uma excelente alternativa para o tratamento dos portadores de CBP no SUS. O seu grupo de interesse em doenças colestáticas formado por experts de renome nacional e internacional elaborou, por isso, um relatório favorável à incorporação da droga no SUS, que pode ser lido no link: http://sbhepatologia.org.br/noticias/sbh-publica-manifesto-sobre-a-consulta-publica-da-conitec-para-colangite-biliar-primaria/

O AUDC é um ácido biliar hidrofílico natural com propriedades hepatoprotetoras, coleréticas, imunomoduladoras e anti-inflamatórias recomendado pelas sociedades americana (AASLD), europeia (EASL) e brasileira (SBH) para tratamento inicial da CBP, independentemente do estágio histológico da doença. A recomendação baseia-se em vários estudos científicos internacionais.

Sobre a doença
A Colangite Biliar Primária – anteriormente chamada de cirrose biliar primária – é uma doença rara, que se caracteriza por destruição progressiva dos ductos biliares que pode levar, na ausência de tratamento, a insuficiência hepática e óbito.

Sintomas
Os principais sintomas da CBP são fadiga e prurido (coceira) intensos e, em fase avançada, pele e olhos amarelados (icterícia) e acúmulo de água no abdômen (ascite). No entanto, cerca de metade dos pacientes são assintomáticos ao diagnóstico.

Segundo Dr. Paulo L. Bittencourt, Presidente da SBH, “a fadiga, é a mais comum, ocorrendo em 80% dos pacientes, prejudicando a qualidade de vida e interferindo nas atividades diárias. Já a coceira é o segundo sintoma que mais ocorre, afetando 20% a 70% dos pacientes”, explica o especialista.

Mulheres devem ficar atentas
A CBP é uma doença autoimune que afeta, especialmente, mulheres com idade superior a 35 anos, na proporção de 10 para cada homem. Não existe ainda uma explicação científica que justifique porquê a doença é mais predominante no sexo feminino, embora doenças autoimunes sejam mais frequentes nas mulheres.

Diagnóstico
Geralmente, a suspeita da CBP surge quando ocorrem alterações no funcionamento do fígado (denominadas de colestase pelos especialistas), que podem ser constatadas por dois simples exames de sangue: fosfatase alcalina (FA) e a gamaglutamiltransferase (GGT).

Se os valores destas análises estiverem elevados, o paciente deve ser encaminhado ao hepatologista para avaliar a causa subjacente. O especialista poderá pedir estudos adicionais de sangue como pesquisa do anticorpo antimitocondria e outros exames como ultrassonografia do abdômen ou menos frequentemente biópsia do fígado.

O médico alerta para a dificuldade no diagnóstico correto, imprescindível para introdução do tratamento específico da doença visando reduzir seu impacto negativo na sobrevida e na qualidade de vida do paciente. Segundo o hepatologista, a CBP tem sintomas que geralmente podem não ser atribuídos a doenças hepáticas, tais como o prurido, fadiga excessiva e dores articulares. Isso faz com que o diagnóstico seja facilmente confundido com outras doenças, dificultando o tratamento precoce.

Para conscientizar a população sobre essa enfermidade e, principalmente, incentivar seu diagnóstico precoce, o site www.tudosobreofigado.com.br e o blog www.colangitebiliarprimaria.com.br trazem explicações médicas e científicas sobre a doença.

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