Especialista em fraudes divide alertas e recomendações para evitar golpes no processo de uma recolocação profissional
São Paulo, agosto de 2017 – Em meio à crise econômica, a busca por recolocação profissional se transformou em mais uma oportunidade para fraudes no país. Apresentando-se como recrutadores e utilizando recursos tecnológicos como teleconferências, fraudadores se aproveitam do desespero de alguns candidatos para obter vantagens financeiras.
Segundo Ian Cook, diretor sênior de investigações na Kroll, consultoria global em gestão de riscos corporativos, o golpe nasce, na maioria das vezes, a partir de informações oferecidas pelos próprios candidatos no ambiente digital.
“É normal hoje o usuário de redes sociais profissionais informar quando está à procura de novos desafios”, lembra o executivo. E a partir dessa mensagem, golpistas põem em prática um levantamento sistemático de informações que termina com uma oferta de emprego sob medida para sua vítima.
De acordo com Cook, esses criminosos costumam se apresentar em nome de companhias tradicionais e, para tornar sua abordagem ainda mais consistente, convidam o candidato em potencial para entrevistas por aplicativos de comunicação virtual.
“Ferramentas como vídeo conferências, por exemplo, ajudam na consumação do esquema ao permitir o envio de malwares, garantindo assim o acesso a dados sigilosos, como senhas de bancos e cartões”, explica Fernando Carbone, diretor sênior da Kroll e especialista em segurança cibernética.
“Há situações em que o fraudador já tenta nessa ocasião o que seria um pagamento pelo agenciamento para uma entre inúmeras vagas de um portfólio fictício, como se prestasse um serviço de headhunter reverso”, observa Cook.
Esse tipo de fraude, porém, não é uma exclusividade nacional. Nos Estados Unidos, o fenômeno valeu há um mês um alerta da FINRA, autoridade regulatória da indústria financeira americana, que teve seu nome usado por golpistas em falsas oportunidades de emprego.
Prevenção
Para evitar riscos, Cook e Carbone dividem alguns pontos de atenção para orientar a recolocação ou busca de oportunidades sem prescindir dos meios digitais, que são grandes aliados na aproximação entre empresas e talentos.
Seu perfil nas redes sociais pode dizer muito sobre você
Onde estudou, em que lugares trabalhou, nomes de antigos e atuais colegas, são informações pessoais que podem, muitas vezes, ser extraídas das redes sociais e significam muito para o fraudador na “customização” de uma falsa oferta.
“Desconfie sempre. O ideal é pesquisar sobre a vaga, a empresa e claro, utilizar recursos e serviços sérios e confiáveis”, sugere Cook. “Procure também saber quais recursos a companhia em questão utiliza para anunciar posições e recrutar novos funcionários antes de fornecer endereço, telefone e documentos pessoais”, completa.
Não faça adiantamentos financeiros sem alinhamento prévio
Nunca faça um adiantamento financeiro para um headhunter sem que isso esteja totalmente alinhado entre você e a agência de empregos. Nestes processos, esse profissional costuma ser remunerado pela empresa contratante, e não pelo candidato. “Como as condições de hoje favorecem o compartilhamento de informações, é preciso ter cuidado com solicitações fora do padrão e, principalmente, quando envolvem recursos financeiros”, observa Carbone.
Pirâmides e Marketing multinível
Muitas oportunidades de trabalho divulgadas nas redes sociais são na verdade iscas para atrair profissionais sem emprego a esquemas de marketing multinível, onde o eventual lucro advém primordialmente do recrutamento de novos participantes. Tais oportunidades podem ainda ser armadilhas para atrair o profissional a esquemas de pirâmide financeira.
Atenção com propostas de emprego no exterior
Esse tipo de vaga pode ser ainda mais perigoso. Além de danos financeiros, esta prática pode dar oportunidades para que o fraudador cometa crimes. Esteja sempre atento à seriedade e confiabilidade da empresa que está em contato.