Patologia pouco conhecida pode levar a sérias complicações e seus sintomas confundem diagnóstico
Quando o assunto é doença hepática quais as enfermidades mais conhecidas? Certamente se pensa primeiro na cirrose e a hepatite. Porém, o que pouco se sabe é que o órgão pode desenvolver uma disfunção rara e autoimune caracterizada pela destruição progressiva dos canais biliares presentes no fígado, chamada Colangite Biliar Primária (CBP). E todas essas doenças têm algo em comum: a dificuldade no diagnóstico por falta de informação e conhecimento.
“A CBP tem sintomas comuns como coceira na pele, cansaço, fraqueza excessiva, náuseas e dores musculares e nas articulações, fazendo com que o diagnóstico seja facilmente confundido com outras doenças. Isso dificulta o tratamento no tempo adequado, levando muitas vezes a complicações mais sérias, como perda total do órgão e a necessidade do transplante”, explica Dr. Paulo Lisboa Bittencourt, gastroenterologista e hepatologista.
A dificuldade está no diagnóstico correto. Segundo o médico, estes sintomas são tratados individualmente, com resultados temporários, permitindo que a CBP progrida e cause limitações na qualidade de vida e no dia-a-dia do doente. Além disso, esses incômodos podem manter-se durante meses ou anos, sem que o doente se aperceba o real problema.
As outras doenças do fígado
Entre as doenças mais conhecidas do órgão, a hepatite pode ter diversas causas, como viroses, medicamentos, uso de chás e substancias fitoterápicas, doenças genéticas, exposição a tóxicos ambientais, obesidade e altos níveis de colesterol e triglicérides no sangue.
A cirrose hepática, por sua vez, é o estágio final de qualquer doença do fígado que não tenha sido diagnosticada a tempo de tratar a sua causa. Um dos erros mais comuns em relação à esta doença é associá-la exclusivamente à ingestão excessiva de bebidas alcoólicas. “Este fator está relacionado a apenas 20% dos casos e 15% das indicações de transplante de fígado no Brasil”, explica o especialista e completa dizendo que outras causas de cirrose, como a CBP, incluem doenças genéticas, doenças congênitas e tumores hepáticos.
Segundo o Dr. Bittencourt há, ainda, as doenças genéticas, congênitas e os tumores. “É preciso lembrar que a maioria das doenças hepáticas não tem sintomas específicos durante um período e, por isso, muitas vezes, o diagnóstico não acontece ou, quando acontece, é negligenciado pelo paciente”.
Como prevenir as doenças do fígado
Além de hábitos saudáveis, o médico enfatiza que para prevenir doenças e complicações no órgão, o ideal é realizar o check-up anualmente. “No caso da CBP, por exemplo, sabemos que mulheres ente 35 e 60 anos têm mais propensão a desenvolver a patologia. Então, a partir da informação e do conhecimento, todas as mulheres nessa faixa etária devem realizar exames de sangue que verifiquem as funções do rim periodicamente”, finaliza.